Moradores de rua ocupam terreno no bairro Farroupilha
Três moradores de rua estão instalados em um terreno nas proximidades do posto de saúde e da escola Coralina Cardoso Toledo, no bairro farroupilha. O fato tem gerado preocupação dos moradores da comunidade bem como de lideranças comunitárias e autoridades locais. Nesta semana nossa reportagem conversou com os envolvidos no caso que abordam o assunto que tem gerado polêmica no bairro, bem como certos transtornos para os moradores.
Segundo o presidente da associação de moradores do bairro, Fábio Rodrigues, a situação se estende por um certo período e a comunidade tem procurado as lideranças do bairro para a solução do assunto. Conforme Rodrigues, alguns moradores têm se sentido inseguros e incomodados com a presença dos homens, pois especialmente a noite, os mesmos estariam perturbando os moradores das imediações. O presidente ainda se mostra preocupado com a situação de vulnerabilidade social dos homens, que estão expostos especialmente ao frio e em condições precárias de higiene e moradia.
Rodrigues relata que já procurou órgãos competentes como a secretaria municipal de assistência social, bem como a brigada militar e os proprietários do terreno. De parte dos proprietários do lote teve a sugestão de fazer um abaixo assinado solicitado a retirada dos homens, porém se diz impedido pois o terreno se trata de uma propriedade privada. Por parte da SMASH, Rodrigues enfatiza que teve atenção do secretário da pasta, porém as equipes da secretaria não obtiveram êxito ao conversar com os moradores e solicitar sua retirada. A questão de segurança é enfocada pelo líder comunitário, que relata ter conversado com autoridades da BM solicitando atenção policial devido as constantes perturbações geradas pelos indivíduos a comunidade. “Não somos contra a presença deles, mas estamos preocupados com a situação social deles e também da comunidade, pois os moradores estão apreensivos, especialmente as pessoas que trabalham e freqüentam a escola e o ambulatório” diz Rodrigues. O presidente ainda relata que as perturbações, especialmente no período noturno, se dão devido ao uso de bebidas alcoólicas pelos homens.
Um dos moradores de rua, Ivalino Amaral, conhecido por Pirata, conversou com nossa equipe, e explica que ele e seus companheiros estão ocupando o terreno pois não tem onde morar e que os mesmos procuraram a prefeitura solicitando uma habitação, porém não foram atendidos. Ivalino nega a existência de bebidas alcoólicas bem como a perturbação à comunidade. Ele ainda revela que anteriormente os mesmos estavam morando nas imediações da praça central e que após um roubo aos seus pertences resolveram ocupar o terreno. Questionado sobre a possibilidade de uma moradia no lar José Calazans ele reluta e diz que eles esperam receber uma moradia nas imediações do centro. O morador de rua explica que ele e seus companheiros sobrevivem de doações de pessoas da comunidade e que nunca teriam ameaçado ou perturbado a comunidade do bairro e lembra que uma equipe esteve no local, onde fizeram algumas perguntas e encaminharam os mesmos ao médico, onde receberam medicamentos. Ivalino afirma que os três moradores têm familiares sendo que a família de um dos homens mora em Porto Alegre, a do outro é de Soledade e o próprio Ivalino tem esposa e uma filha de oito meses, mas que mora separado da mesma por divergências familiares. “Ficamos por aqui, não fizemos algazarra, apenas um fogo a noite para fazer a janta. Se oferecerem um lugar por perto para morar a gente vai, mas tem que ser perto” diz Pirata.
CONTRAPONTO
Procurado por nossa reportagem, o secretário municipal de assistência social e habitação, Lúcio Dias, também se mostra preocupado com a situação dos moradores. Ele relata que buscaram-se tentativas de encaminhamentos para os homens, especialmente para clínicas devido à dependência alcoólica. “Não podemos ir lá e pegar eles a força, é um assunto complexo e estamos buscando estabelecer um contato com eles para os encaminhamentos”.
O secretário relata que existe uma certa resistência, mas que o assunto está na pauta da secretaria e a pasta buscará uma forma de solucionar o problema, e que em conversa com o presidente da associação de moradores orientou para que os proprietários do terreno busquem a via judicial para a reintegração de posse do terreno. “Não basta acharmos um local para eles, cabe também a nos buscar sua reinserção social, mas iremos nos empenhar para resolver este problema especialmente devido à questão do inverno e os demais riscos que os moradores estão expostos” afirma.
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