Sistema Farsul apresenta projeções para 2023
Na manhã desta quinta-feira (08/12), o Sistema Farsul realizou entrevista coletiva de Balanço de 2022 e Projeções 2023. No evento, a federação demonstrou preocupação com alguns itens que estão obscuros na pauta do próximo Governo Federal. Especialmente questões econômicas e garantia ao direto à propriedade.
Em sua saudação, o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, destacou o papel do Brasil no cenário internacional. “O Brasil continuará sendo um player fundamental para a solução para a solução alimentar do mundo. Este ano eu gastei praticamente cinquenta dias no exterior entre mundo árabe, Ásia, Cop-27 e mais os giros pela América do Sul e o Brasil é um país extremamente necessário às soluções alimentares do mundo nos dias de hoje”, garantiu.
Gedeão falou sobre o sentimento dos produtores. “Nós todos somos brasileiros, vivemos nesta pátria e eu tenho orgulho quando saio lá fora e vejo o quanto nosso setor é importante. Possivelmente estejamos produzindo alimentos para mais de 1,5 bilhão de pessoas neste mundo”, avaliou. O presidente chamou a atenção para as questões que envolvem a produção nacional e a União Europeia. “Claro que temos problemas muito graves e muito sérios. Mas, achamos que o pano de fundo, e para mim na Cop-27 ficou absolutamente claro isso, é estritamente comercial (sobre questões ambientais). Porque ao criar barreiras ao Brasil, que está com crescimento do seu agronegócio e onde o Brasil é player no mundo inteiro, ele está preocupando outras nações do mundo pela falta de competitividade deles no cenário internacional”, descreveu.
Sobre o cenário regional, Gedeão lembrou do impacto da seca na economia do estado, mas destacou o trabalho e resiliência do produtor. “E para compensar um pouco das dificuldades do verão passado que viemos de uma seca e uma quebra importante, estamos colhendo a maior safra de trigo da história do rio Grande”, destacou.
Economia
Na apresentação feita pelo economista-Chefe da Farsul. Antonio da Luz, ele recordou que a estiagem que atingiu a última safra foi responsável pela perda de 31% da produção gaúcha. Somente na soja, o impacto foi de 54%. Assim, com a normalidade climática, a expectativa para a próxima safra é de resultados positivos. Um destaque foi a redução da área das lavouras de arroz, “se adequando ao mercado que o grão vive. Houve aumento no milho, na soja, e um grande aumento no trigo. Fizemos uma conta e vimos que estamos crescendo numa área conhecida, na nossa própria área, ocupando melhor o inverno, que, aliás, é justamente esse o principal objetivo do programa Duas Safras”, comentou.
O economista anunciou que, se tudo ocorrer com normalidade, o estado irá colher pela primeira vez na história, mais de 40 milhões de toneladas. O faturamento dos produtores também deverá ter crescimento. A soma de toda produção deve girar nos R$ 140 bilhões.
Para a economia nacional, a projeção da equipe econômica é de que o PIB de 2022 tenha um crescimento de 2,92% em 2022 e 0,73% para 2023. Já para o Rio Grande do Sul, a estimativa é de uma queda de 3,64% em 2022 e alta de 5,86% em 2023. Na agropecuária gaúcha o movimento deve ser de uma queda de 53% em 2022 e crescimento de 59% em 2023, impacto direto da estiagem na economia gaúcha. “O Rio Grande do Sul teria crescido significativamente mais do que o Brasil neste ano não fosse nossa estiagem e esses números vão de encontro com aquilo que nós prevíamos lá no início do ano”, disse Luz.
Neste ano, a apresentação do economista destacou a preocupação com as definições econômicas que podem ser adotadas pelo próximo Governo federal. “Às vezes o olhar, criticar, comparar é uma forma de contribuir”, disse. Luz ressaltou que após o Plano Real, em 1999 foram estabelecidas regras que garantiram a estabilidade econômica do país. O chamado Tripé macroeconômico que era formado pela Ancora Fiscal, Metas de Inflação e Câmbio Flutuante. Essas regras foram mantidas durante o primeiro mandato de Lula na presidência que tinha uma equipe econômica ortodoxa.
Já em seu segundo mandato houve a troca na pasta com a entrada de Guido Mantega, quando surge a adoção da Nova Matriz Econômica que acabou direcionando o país para uma crise econômica que culminou no governo Dilma Roussef que manteve Mantega na cadeira.
Nesse período que aconteceu a desmoralização da âncora fiscal e a geração do déficit primário. “Costumamos culpar muito a Dilma, mas não podemos esquecer que no primeiro ano o seu governo já bateu no teto da meta e a culpa não foi dela, não foi ela quem fez o orçamento”, comentou Luz. A preocupação da Farsul está em saber qual o caminho será tomado pela equipe econômica do governo Lula em sua terceira passagem.
Fonte: Assessoria de imprensa Farsul