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RS: produção de morangos leva renda para agricultores familiares

O cultivo do morango fora do solo (em bancadas) e em ambiente protegido (estufas plásticas) tem se elevado significativamente nos últimos anos no Rio Grande do Sul e, em especial, na região de abrangência do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Soledade. A atividade é uma importante opção de renda para propriedades familiares e minifúndios, pois em uma pequena área, de até menos que um hectare, é possível obter renda capaz de suprir a demanda de uma família.

O extensionista rural agropecuário da Emater/RS-Ascar Vivairo Zago explica que a viabilidade dessa cultura se dá pela boa remuneração ao produto e aceitação deste no mercado, sendo muito utilizado para consumo in natura, em padarias e ainda há a possibilidade da agroindustrialização em produtos como polpas, geleias e licores. “O cultivo dessa espécie frutífera, que normalmente tem ciclo bianual, mas de produção contínua, ou seja, no inverno e no verão, com materiais genéticos apropriados se tornou atrativa para muitas famílias de agricultores familiares”, explica.

Ainda segundo Zago, esse sistema de cultivo em ambiente protegido e sobre bancadas, além de diminuir a penosidade do trabalho, pois proporciona facilidade de manejo da cultura, tem efeito de proteção contra a chuva e vento, condição que reduz a incidência de doenças. “Esse fator associado à medidas de manejo das plantas e a possibilidade de uso de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e bioinsumos possibilita colher frutos mais limpos, com menos agroquímicos”.

Contudo, Zago ressalta ainda que o sistema de cultivo exige um maior conhecimento do produtor. “Toda a adubação é fornecida via irrigação, por fertiirrigação. Por isso, recomendamos que os agricultores que iniciam um projeto de produção de morango nesse sistema procurem a assistência técnica”.

 

No município de Tunas, o cultivo de morango iniciou no solo. A produção começou com o agricultor Valdomiro Wulff, que realizou o plantio de 200 mudas da fruta enviadas pelo filho, Natalino, que residia em Caxias do Sul. “Repassamos algumas mudas para o meu pai para ver se ia produzir. Com o bom resultado retornamos para Tunas e investimos no cultivo do morango que está dando muito certo”, conta Natalino.

Em 2016, o município contava com 13 produtores que juntos cultivaram sete hectares de morango com manejo convencional, no solo, sendo cultivo protegido e irrigado. Neste mesmo ano, duas famílias iniciaram o processo de transição para estufas e, atualmente, o município conta com 14 produtores, com três hectares com a produção da fruta, sendo que em 2,5 hectares desta área o cultivo é realizado em estufas. Anualmente é registrada no município a produção de 200 mil quilos da fruta, que é comercializada in natura, com venda direta em municípios como Soledade, Santa Cruz do Sul e Passo Fundo.

Residente na comunidade de Rincão Comprido, Natalino e a esposa Marina tem na produção de morangos a principal fonte de renda da família. Na propriedade, 0,3 hectares são cultivados com morango. “Resolvemos investir no morango porque é uma atividade boa se trabalhar e com boa rentabilidade”, conta o agricultor. Inicialmente a família construiu sete estufas. Em cada estrutura foram cultivadas cerca de 3,2 mil mudas. “Hoje temos 12 estufas e neste ano vamos investir em mais três e na automatização da irrigação. Com isso vamos ter próximo de 40 mil plantas produzindo na propriedade”, projeta Natalino. A família cultiva morangos de variedades importadas da Argentina e do Chile e a produção é comercializada em supermercados da região de Sobradinho e Passo Fundo.

 

O extensionista rural Agropecuário da Emater/RS-Ascar Scharlon Kiraly destaca que em 2020 a Emater/RS-Ascar e sete famílias produtoras de morango no município de Tunas implantaram o sistema de rastreabilidade. Com isso, os morangos produzidos por elas recebem um rótulo no qual constam informações como validade do produto, número do lote e dados do fornecedor. “O número deste rótulo fica registrado no caderno de campo e se necessário pode ser rastreado até a origem, com as informações sobre o processo de produção e plantio, o que dá maior segurança ao consumidor”, explica o extensionista.

Além de uma alternativa de produção e renda, o morango também estimula a sucessão rural. O interesse dos jovens por essa produção é observado em diferentes regiões do Estado. Assim como Natalino, que retornou ao meio rural para cultivar a fruta, o agricultor espera que o filho que nasceu em meados de 2020, Sandro Luís, também veja na produção do morango uma oportunidade. “Essa é uma alternativa muito boa de renda para a pequena propriedade. O morango é uma planta boa de trabalhar, com boa rentabilidade, que permite o sustento da família e manter as contas em dia e ainda conseguir investir um pouco a cada ano. Espero que o meu filho continue nessa atividade, pois foi onde comecei minha vida e onde estou conseguindo crescer”.

Fonte: AgroLink

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