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Chuvas retomam ânimo dos produtores e soja segue em desenvolvimento

Com 99% da área prevista para a safra de 5.978.967 hectares já implantada, as lavouras de soja no Rio Grande do Sul estão 56% na fase de desenvolvimento vegetativo, 34% em floração e 10% em enchimento de grãos. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (16/01), em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), na região de Santa Rosa, as condições físicas do solo em termos de retenção de água têm estabelecido diferentes condições de desenvolvimento às plantas. Em parte das lavouras em desenvolvimento vegetativo, vem ocorrendo murchamento de folhas; naquelas mais adiantadas, tem havido abortamento de flores nas primeiras camadas. Em solos mais rasos ocorre morte de plantas devido ao déficit hídrico (reboleiras). Em geral, o desenvolvimento das lavouras de soja ainda é satisfatório, ante a falta de umidade e às altas temperaturas ocorridas nas últimas duas semanas. A permanência dessas condições de tempo pode resultar em perdas de produtividade. A irregularidade de chuvas indicará os percentuais de perdas.

Na Regional de Ijuí, a cultura da soja foi bastante afetada pela estiagem, comprometendo o desenvolvimento das lavouras plantadas em outubro. Os produtores retomaram as aplicações de fungicidas de forma preventiva. Há registros de ataque de ácaros e tripes. Na de Soledade, as condições do tempo ainda não permitiram concluir os plantios previstos para a safra, mas a boa notícia do período foi o volume de chuva na região (de 40 a 100 milímetros), amenizando de forma parcial os reflexos da estiagem, principalmente na região do Baixo Vale do Rio Pardo, onde há registros de mortes de plântulas em lavouras com semeadura tardia. Em geral, evidenciaram recuperação as lavouras em desenvolvimento vegetativo que tiveram crescimento e desenvolvimento reduzido no período da estiagem. Há registro de baixa incidência de pragas, não sendo necessárias medidas de controle.

No milho, apesar das chuvas ocorridas no Estado, os acumulados não revertem o déficit hídrico em boa parte das lavouras, que tem prejudicado o desenvolvimento da cultura. Totalmente implantada no RS, a cultura do milho encontra-se 20% em germinação e desenvolvimento vegetativo, 13% em floração, 28% em enchimento de grãos, 26% maduro e 13% dos 771 mil hectares já foram colhidos.

Na Regional Administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, que corresponde a 10% da área cultivada com milho no Estado, a cultura está em maturação em 50% das lavouras, e granação em 30%. O potencial produtivo varia muito; diversos municípios apontam perdas superiores a 50% e em alguns no Corede Celeiro não há perdas. A colheita do milho avança, chegando a 17% da área cultivada para produção de grãos e 64% para silagem. As lavouras colhidas para silagem apresentam rendimento de 25 a 30 mil quilos por hectare, muito abaixo da estimativa inicial. A massa verde está desidratada, com consequente perda de qualidade. Áreas da região Celeiro apresentam boas produtividades, e a colheita ultrapassa 35% das lavouras em alguns municípios. Com a melhora das condições de umidade do solo, os agricultores estão manejando as áreas para o segundo plantio da cultura.

Na região de Santa Rosa, maior produtora de milho do Estado, com 15,4% da área, a cultura está 42% em maturação, com a colheita avançando para 45% das lavouras, com leve redução no rendimento, devido à baixa umidade do solo nos últimos dias e à ocorrência de poucas chuvas, atingindo lavouras em plena floração e formação inicial do grão. Tal quadro pode reduzir a produtividade do milho safrinha e das lavouras semeadas mais no tarde, que se encontram nos estágios reprodutivos e de enchimento de grãos, notadamente as que mais sofrem em função da restrição de umidade.

Na de Lajeado, no Vale do Taquari, o milho é cultivado tanto para produção de grãos como para confecção de silagem. Dos 90 mil hectares previstos, 60% se destinam à silagem e 40% para a produção de grãos. Nesta safra, em função da falta de chuvas, tem ocorrido o corte para silagem de lavouras de milho, inicialmente destinadas à produção de grãos. As perdas variam conforme a época do plantio. Das lavouras plantadas no cedo, que representam 30% do total, a maior parte foi destinada para silagem. Estas foram afetadas pelo excesso de chuvas durante a germinação e o início do desenvolvimento vegetativo, principalmente em outubro, onde ocorreram mais que 400 mm de chuvas. As lavouras ficaram com estande de plantas desuniforme e população abaixo da recomendada. O milho conseguiu florescer e encher o grão, porém teve perdas em termos de volume e qualidade. Nas lavouras plantadas em outubro, o milho floresceu em plena estiagem, dificultando a maior parte da fecundação da espiga. Metade das lavouras foi implantada em novembro e dezembro, e se encontram em desenvolvimento vegetativo e pré-floração e, apesar de a estiagem ter comprometido o seu desenvolvimento, não há condições de contabilizar perdas.

Arroz – No Rio Grande do Sul, 71% da cultura está na fase de germinação/desenvolvimento vegetativo, 22% em floração e 7% em enchimento de grãos. Em geral, as lavouras continuam apresentando bom desenvolvimento, favorecido pela disponibilidade de água associada aos dias com alta luminosidade e temperaturas elevadas durante a manhã e à tarde e amenas à noite. Na Regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, 79% das lavouras estão em germinação/desenvolvimento vegetativo, 18% em floração e 3% em enchimento de grãos, apresentando ótimo estado de desenvolvimento. Em relação às condições fitossanitárias das lavouras, não há registros de ataques de pragas e doenças. A restrita ocorrência de chuvas na região tem contribuído com a diminuição dos níveis de água nas barragens e com as vazões nos rios e riachos.

Feijão 1ª safra – Na região de Ijuí, a cultura está nas fases de maturação (12%) e colheita (88%), que avança em virtude das condições de tempo estável e com pouca chuva, favoráveis à secagem dos grãos na lavoura. Os grãos colhidos têm apresentado boa qualidade e a produtividade nas lavouras tardias tem sido menor devido à falta de água para o desenvolvimento das plantas. Na região de Santa Rosa, 85% da área está colhida, com produtividades de 1.200 quilos por hectare. Em Salvador das Missões as lavouras estão em ótimo estado, podendo alcançar 1.650 quilos por hectare. A maioria dos produtores está aguardando o plantio da segunda safra (safrinha) para o final de janeiro, de modo que as fases de floração e enchimento de grãos ocorram em março, quando as temperaturas tendem a estar amenas. Na Regional de Santa Maria, 30% das lavouras estão na fase de enchimento de grãos (formação de vagens), 30% em maturação e 40% já foram colhidas. As condições do tempo se refletem em perdas nas lavouras da primeira safra. O plantio do feijão segunda safra iniciou após as chuvas da semana passada e a expectativa é atingir 1.053 hectares, que poderá se alterar em função da falta de precipitações.

OLERÍCOLAS

Cebola – No litoral da Regional de Porto Alegre, onde se concentra a maior área de cebola, o clima prejudicou a produção durante todo o ciclo da cultura. As chuvas da primavera afetaram o desenvolvimento vegetativo das variedades precoces, que tiveram formação de bulbos de baixa qualidade de casca e sem condições de armazenamento devido a doenças. Já a falta de chuvas no final de novembro e durante dezembro afetou a formação dos bulbos das variedades de ciclo médio e tardio, deixando-os com tamanho não adequado e de menor valor comercial, afetando a produtividade, estimada inicialmente entre 20 e 25 toneladas por hectare. A comercialização ocorre com valores entre R$ 0,40 e R$ 0,50/kg, pago ao produtor. Com o aumento da oferta na região e com o produto apresentando qualidade inferior, o preço caiu em relação à expectativa inicial, com tendência de se manter neste patamar. Para os produtores que conseguirem armazenar as cebolas de maior qualidade, a tendência é obter melhores preços a partir do final de janeiro, quando diminuirá a oferta.

FRUTÍCOLAS

Pêssego – Na Regional de Caxias do Sul, estão em plena colheita as variedades mais tardias da cultura do pêssego, como a Chiripá, a Barbosa e a Eragil – as duas primeiras de polpa creme, a Eragil de polpa amarela e todas com o caroço solto, característica muito apreciada pelo consumidor. Os frutos apresentam ótima coloração e sabor, porém com o calibre um pouco abaixo do esperado, mesmo em pomares com irrigação. As plantas apresentam vigor, e a sanidade das frutas é excelente em relação à podridão parda, doença desfavorecida pela ausência de umidade. Por outro lado, o clima seco e as altas temperaturas favorecem o ataque da Mosca das Frutas, principal praga da cultura. São realizados os tratamentos fitossanitários e a prática da poda verde.

Na região de Pelotas, a colheita do pêssego foi praticamente encerrada, totalizando 99% da área de 5.311 hectares, cultivada por 1.041 produtores/famílias na região. Foi finalizada a colheita da produção para a indústria de conservas e permanece uma pequena parcela destinada ao mercado in natura. Há queda na produção total da região devido à falta de precipitações nas últimas semanas, que afetou o crescimento dos frutos e produziu pêssegos classificados com o tipo II, de menor valor comercial.

Citros – Os pomares de bergamoteiras e laranjeiras da região do Vale do Caí, principal produtora de citros do Rio Grande do Sul, encontram-se na entressafra. O período de estiagem é extremamente prejudicial para o desenvolvimento das frutas cítricas; as folhas e os frutos podem cair e até mesmo a planta pode secar. Em Bom Princípio, a citricultura está sendo muito atingida pela estiagem que se estabeleceu desde dezembro. A lima ácida Tahiti (o conhecido limãozinho verde) está em situação crítica; vários produtores procuraram a Emater/RS-Ascar para relatar a morte de plantas no pomar, desde plantas jovens até outras plantas com mais de dez anos. Além da mortalidade de plantas causada pela estiagem, os frutos estão pequenos e secos. Em Montenegro, onde há a maior produção de bergamotas do Estado, apenas 5% dos agricultores iniciaram o raleio das bergamoteiras devido à estiagem; os que o fazem, colocam a fruta no chão, pois ainda não tem calibre para a venda para a indústria que fabrica o óleo essencial da bergamotinha verde. Além disso, a adubação não pôde ser realizada nos meses finais de 2019, devido à falta de chuvas. As plantas estão estressadas, e a absorção de nutrientes, agrotóxicos e demais insumos é prejudicada; por isso, muitos agricultores estão optando por não realizar aplicações e pulverizações. Esse estresse e a falta de manejo poderão acarretar em perda de produção e em frutos de menor qualidade.

PASTAGENS E CRIAÇÕES

As chuvas ocorridas durante a semana, mesmo que com intensidade e distribuição desuniformes nas diversas regiões do Estado, contribuíram para o rebrote e à retomada do crescimento das pastagens nativas e cultivadas. Alguns produtores aproveitaram a maior umidade do solo para fazer adubação nitrogenada nas pastagens cultivadas de verão.

BOVINOCULTURA DE CORTE – Os bovinos de corte apresentam bom estado e, em função da retomada do crescimento das pastagens na semana, começam a apresentar maior ganho de peso. A manutenção de uma boa sanidade exige o controle de verminoses e parasitos externos como carrapatos, bernes, bicheiras e mosca-do-chifre. O período de monta e inseminação artificial está em andamento, com a realização de monitoramento e cuidados especiais, visando manter os touros e ventres em boas condições nutricionais e sanitárias.

BOVINOCULTURA DE LEITE – A queda da oferta de massa verde das pastagens durante o recente período de estiagem ocasionou queda de produção leiteira na maior parte do Estado. A redução da produção leiteira foi estimada em torno de 17% nas regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Santa Maria e Lajeado, em 20% na de Soledade e acima de 25% na de Porto Alegre. Nas demais regiões, os índices ficaram em torno de 10% ou menos. Com a melhoria da oferta de pastagens propiciada pelas chuvas da semana, a produção começa a aumentar novamente. Muitos produtores mantiveram os níveis de produção recorrendo à suplementação alimentar, porém com custos mais elevados.

Outro fator que contribui para a diminuição da produção é o desconforto térmico devido às altas temperaturas. Para amenizá-lo, os criadores recorrem ao manejo das vacas para o pastoreio preferencialmente nas primeiras horas da manhã e à noite, à disponibilização de água à vontade e à utilização de áreas sombreadas.

APICULTURA – Nas diversas regiões do Estado, as condições gerais dos apiários são boas, com poucos casos onde é necessária a suplementação alimentar das abelhas. No manejo dos apiários, estão em destaque a revisão das colmeias, a troca de caixilhos, o recolhimento de caixas de iscas com novos enxames, as roçadas do entorno e o monitoramento e tratamento especial dos exames mais enfraquecidos, em virtude de menor reserva de alimento nas colmeias.

Foto: Carlos Corrêa da Rosa, da Emater/RS-Ascar

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