Ao menos quatro políticos gaúchos teriam recebido propina da JBS
Pelo menos quatro políticos gaúchos são citados pela JBS por terem recebido vantagem indevida da empresa. Os deputados Alceu Moreira (PMDB), Onyx Lorenzoni (DEM), Jerônimo Goërgen (PP) e o ex-deputado e ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira são citados por Joesley Batista e Ricardo Saud. As informações são de Zero Hora.
Moreira, Onyx e Goergen teriam recebido o dinheiro no Rio Grande do Sul, entregue pelo presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina, Antônio Jorge Camardelli. A JBS relata um pagamento de R$ 200 mil em espécie a Moreira no dia 27 de agosto de 2014. O mesmo valor, também em dinheiro vivo, foi entregue a Onyx em 12 de setembro de 2014. No mesmo dia, Goërgen aparecem como tendo recebido R$ 100 mil.
Outros R$ 200 mil foram destinados a Ferreira em 2 de outubro de 2014, por meio de pagamento de nota avulsa emitida pela Gráfica e Editora Comunicação Impressa, Os delatores citam inclusive o número da nota fiscal, 6.883.
Segundo os executivos, os pagamentos foram feitos para financiar, via caixa 2 e doação oficial, as campanhas eleitorais. Em geral, os pedidos chegavam a Saud, que submetia a doação a Joesley, a quem cabia autorizar os repasses. Os pagamentos serviriam para que os políticos ajudassem a empresa e não criassem antipatia aos interesses do grupo.
“Se o senhor me permitir, gostaria de chamar de reservatório da boa vontade”, explica Saud aos procuradores.
Paulo Ferreira e Alceu Moreira aparecem ainda numa planilha da JBS, batizada de “Repasse não contabilizado a partidos políticos”. Há 14 políticos nesta lista. Entre eles, além dos gaúchos, aparecem os nomes do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSFB-PE), o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), o senador Fernando Bezerra Coelha (PSB-PE) e os ex-ministros Geddel Vieira Lima (PMDB-BA ) e Brizola Neto (PDT-RJ). Na planilha, não menção aos valores repassados a cada político nem as datas em que os pagamentos teriam sido efetuados.
No depoimento à Procuradoria-Geral da República, o executivo da JBS, Ricardo Saud, relata que o modelo de pagamento era definido por cada político, podendo ser tanto em doação oficial de campanha ou em caixa 2, por notas fiscais avulsas ou em dinheiro vivo.
Paulo Ferreira é citado outra vez no depoimento do dono da JBS, Joesley Batista. O empresário cita um repasse de R$ 30 milhões ao ex-ministro Antonio Palocci a pretexto de financiamento da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010. Não há detalhamento da participação de Ferreira nesse pagamento. À época, ele havia deixado o cargo de tesoureiro do PT e estava em campanha para deputado federal, eleição na qual ficou como suplente.
Contrapontos
Jerônimo Goergen
“Não tem dinheiro frio nenhum. Não lembro de ter falado com ele (Camardelli) nesse dia (12/09). Sempre tive R$ 100 mil da JBS, mas tudo legalizado. O PP depositou mais de R$ 400 mil repassados pela JBS para minha campanha. Está na prestação de contas. Estou surpreso. Nunca escondi que recebia dinheiro da JBS. Todas as doações da JBS estão contabilizadas, na prestação de contas. Sempre tive apoio da JBS, por minha relação com Pratini de Moraes (ex-ministro da Agricultura e ex-integrante do Conselho de Administração da JBS)”, disse.
Alceu Moreira
O deputado federal Alceu Moreira informa que não detém conhecimento integral dos fatos relatados e tem convicção da licitude de suas condutas. Esclarece que os valores recebidos por sua campanha, em 2014, foram de forma regular e declarados à Justiça Eleitoral, que aprovou a prestação de contas.
A Rádio Gaúcha ainda tenta contato com os demais citados.