Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024
Telefone: (54) 3381.1550
Whatsapp: (54) 9 9940-1045
Curta nossa página no Facebook:
Clique para Ouvir
Tempo nublado
33°
20°
21°C
Soledade/RS
Tempo nublado
Ao Vivo:
Notícias

ARTIGO: Trajetória e dificuldades da inclusão dos alunos com deficiência na educação infantil

Artigo de Gabriele Eduarda Pires
ARTIGO: Trajetória e dificuldades da inclusão dos alunos com deficiência na educação infantil
21.09.2023 15h41  /  Postado por: Departamento de Jornalismo

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo principal a realização de uma pesquisa sobre a inclusão de crianças com necessidades especiais na Educação Infantil. A pesquisa surgiu como origem pessoal da autora ao presenciar a dificuldade das crianças com necessidades especiais na Educação Infantil, tendo observado nas escolas onde já trabalhou. Tal tema é de grande interesse tanto para os pais, quanto para professores, pois, reflete com a realidade de todos os que estão envolvidos nas áreas da educação, a participação do cidadão começa no espaço escolar, é lá que ele se prepara para a vida em sociedade, onde adquire conhecimentos e desenvolve habilidades. A pesquisa desenvolvida é de cunho bibliográfico, sendo que, para efetivação da mesma, foi reunido um amplo material sobre o tema objeto de escolha. Os objetivos são, compreender o processo de inclusão de alunos, descrever as mudanças necessárias na escola para que a inclusão se estabeleça. Reconhecer as principais deficiências, ocorridas na Educação Infantil. Propor ações que aperfeiçoem o convívio escolar e social de forma que favoreçam o processo de construção de aprendizagem, embora tanto se fale no assunto, que as pessoas com necessidade especiais representem um quarto da população brasileira, muito ainda se tem a fazer, visto que a inclusão não está acontecendo, conforme a legislação estabelece. Mesmo diante de tal constatação, a inclusão se faz possível e recomendável, para isso deve haver empenho e comprometimento de todas as partes envolvidas.

Palavras-Chave: Educação Infantil. Necessidades Especiais. Criança.

1.INTRODUÇÃO

 O presente estudo tem como objetivo, tratar sobre tema inclusão, pois, já não é mais novidade na sociedade em que vivemos, é o foco de congressos, manifestações, estudos, palestras, encontros e debates. Conforme o último levantamento do IBGE (2010), o Brasil possui 45.606.048 pessoas com necessidades especiais, o que corresponde a 23,9% do total da população recenseada pelo Censo Demográfico 2010.

Embora tanto se fale no assunto, que as pessoas com necessidades especiais representem um quarto da população brasileira, muito ainda se tem a fazer, visto que a inclusão não está acontecendo, conforme a legislação estabelece. É preciso que ocorra o desejo de todos, governantes, sociedade, diretores e coordenadores e até mesmo professores. A construção do cidadão começa no espaço escolar, é lá que ele se prepara para a vida em sociedade, onde constrói seus conhecimentos e desenvolve habilidades que na fase adulta irão contribuir para o ingresso no mercado de trabalho.

Por este motivo, é de grande importância que o ambiente escolar, direção, professores e funcionários, estejam preparados e capacitados para receberem alunos com necessidades especiais, desde da Educação Infantil até o Ensino Superior. Todos têm capacidade de aprender e se desenvolver, desde que observadas as características cognitivas e particularidades de cada indivíduo.

No presente trabalho buscou-se discutir alguns elementos, referentes a inclusão de alunos com necessidades especiais no ambiente escolar, com enfoque na Educação Infantil, bem como até que ponto o processo de inclusão ocorre efetivamente neste espaço. A escola tem realmente estrutura? Os professores estão habilitados a atender as crianças com necessidades especiais? Como deve acontecer a inclusão escolar? Crianças com algumas limitações, precisam ter uma atenção muito maior no processo de ensino e no seu dia a dia? Frente a estes questionamentos, surge a questão, problema deste estudo: como acontece a inclusão de alunos com necessidades especiais na Educação Infantil?

Para o desenvolvimento do referido trabalho temos como objetivo principal discutir a inclusão de alunos com necessidades especiais na educação infantil. Já nos objetivos específicos temos: compreender o processo de inclusão dos educandos, descrever as mudanças necessárias na escola para que a inclusão se estabeleça. Detectar as principais dificuldades do indivíduo que levam ao diagnóstico da deficiência.

Propor ações que aperfeiçoem o convívio escolar e social de forma que favoreçam o processo de construção de aprendizagem. Sob os aspectos metodológicos o estudo caracteriza-se de amostras bibliográficas, exploratórios e descritivos, tendo como subsídios documentos, legislações e estudos referentes ao tema.

O tema deste estudo surgiu da percepção da autora quanto às dificuldades das crianças com necessidades especiais da educação infantil em seu ambiente escolar. Ter a inclusão escolar de alunos no contexto das escolas de tempo integral. Podemos compreender o que é inclusão e como está realmente acontecendo em sala de aula com as demais crianças.

Sendo assim, é necessária a introdução dos alunos com necessidades especiais na escola regular, para possibilitar a compreensão do que é educação inclusiva, possibilitando a vivência e convivência de todos na escola. Alguns professores ainda encontram obstáculos e afirmam não ser capacitados a criar a inclusão em sala de aula, sendo que, por vezes, os próprios educadores estão excluindo as crianças por medo, insegurança ou incapacidade.

Quando o professor recebe uma criança, é de seu grande interesse “aprender” sobre sua condição. Pois cada indivíduo é único dentro de suas limitações, não podendo assim padronizar o processo de educação destes indivíduos. Existem várias leis implantadas para que essa inclusão seja feita, que decreta a obrigatoriedade de inclusão do aluno com necessidade, deste modo o novo padrão para educação, os professores precisam se adequar às leis que inclui os alunos na rede de ensino.

A organização do referencial teórico apresenta-se em três seções, sendo: o primeiro será abordado a Inclusão no Espaço Escolar, o conceito de inclusão escolar, aspectos legais, sociais e educacionais, bem como as principais deficiências identificadas nos educandos; o segundo, se refere a Educação Infantil iniciando pelo resgate histórico e as características físicas, comportamentais, sociais e cognitivas; e o terceiro busca discutir a Inclusão e a Educação Infantil e quais as contribuições para que a Escola possa receber adequadamente os alunos com necessidades, ao final, teremos algumas considerações finais.

2.DESENVOLVIMENTO

1.1       Inclusão no espaço escolar

Ao olharmos as escolas, cada dia mais se percebe que o tema, inclusão vem sendo uma preocupação de professores e governantes. Ao mesmo tempo, constata-se que muito ainda se tem a fazer, pois, a inserção deve ser integral. O processo deve conjugar as diferenças na totalidade da escola, exigindo uma transformação diária, trazendo novas maneiras de organização escolar, tendo como objetivo o pensar e fazer a educação. A inclusão destaca a importância de se ter uma visão profunda sobre os indivíduos que têm necessidade especial, é uma batalha incansável de uma minoria que anseia por seus direitos. Se hoje lutamos constantemente pela inclusão é porque persiste e encontra-se a exclusão. Para que se possa ter um melhor entendimento sobre a inclusão deve-se iniciar por sua definição:

Incluir vem do latim: includere que significa colocar algo ou alguém e algum dentro de inclusão (o de outro espaço/ lugar”. Esse verbo latino, por sua vez, é a síntese do prefixo in com o verbo cludo, cludere que significa “fechar, encerrar”. Participa da origem desse verbo um substantivo em português. Trata-se do termo “claustro’. Claustro é um espaço do qual alguns já “ fazem parte” como espaço delimitado, murado, rodeado. Aliás claustro lembra uma parte de um mosteiro, próprio da vida conventual, espaço por vezes interdito a leigos e seculares. Incluir será, pois, entrar no claustro, adentrar um lugar até então fechado e que por, encerrar determinadas vantagens, não era, até então, compartilhado com outros. […] (CURY, 2005. p.14).

A preocupação com as pessoas com necessidades especiais no Brasil, vem do tempo do Império conforme o Brasil (2008), as primeiras ações voltadas à inclusão iniciaram no século passado, através de duas instituições: a escola para cegos em 1854 e para surdos em 1857, ambas no Rio de Janeiro. Já no século XX em 1926, é fundada a instituição especializada em deficiências mentais. Em 1945 foi criado o atendimento especializado para superdotados, e em 1954 foi fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE. No ano de 1961 o atendimento educacional as pessoas com deficiências são descritas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, lei nº 4.024/61, que aponta o direito destes indivíduos à educação, preferencialmente incluso do sistema geral de ensino.

Em 1973, é criado o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP junto ao MEC, o qual alavancou ações que inseriram as pessoas com deficiência no que se refere ao acesso à educação. Após 15 anos a Constituição Federal

(BRASIL, 1988) traz em seu inciso IV do artigo 3º. “Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, no que se refere especificamente a educação no inciso I do artigo 206: “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”; estabelecendo o dever do Estado no inciso III do artigo 208”: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”, dando assim um respaldo legal para a inclusão.

Frente às discussões da época, dois documentos influenciaram a formulação das políticas educacionais voltadas à inclusão, sendo a Declaração Mundial de Educação para Todos de 1990 e a Declaração de Salamanca de 1994. No ano 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996), dedica o capítulo V para abordar sobre a educação especial, possibilitando a participação de alunos com necessidades especiais embora não efetive a reformulação das práticas pedagógicas, permanecendo a responsabilidade educacional para a educação especial.

Seguindo o panorama de avanços e a preocupação frente à inclusão dos alunos com deficiência, o ano de 2002, trouxe: A Resolução CNE/CP no 1/2002 a qual se refere às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, determinando que o currículo para formação de professores abordem temas voltados a alunos com deficiência; a Portaria no 2.678/02 trata da propagação do Sistema Braile em todas as modalidades de ensino e território nacional; e a Lei 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como forma de comunicação, expressão e a inserção da disciplina de Libras na formação de professores e fonoaudiólogos. O Decreto no 5.626/05, regulamentou a referida Lei, incluindo Libras como a primeira língua seguida da Língua portuguesa, para alunos surdos, bem como a organização da educação bilíngue no ensino regular.

Em 2006, é lançado o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos que entre uma de suas atividades, busca promover as temáticas referentes às pessoas com necessidades especiais no currículo da educação básica e o acesso, e permanência destas pessoas na educação superior, possibilitando efetivamente a inclusão. No ano seguinte o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, apresenta em seus eixos a acessibilidade arquitetônica dos espaços escolares, efetivação das salas de recursos e capacitação aos docentes que atuam na educação especializada.  O fortalecimento da inclusão educacional de pessoas com deficiência vem através do Decreto no 6.094/2007, o qual garante o acesso, permanência e atendimento às suas necessidades educacionais no ensino regular.

Ainda no que se refere a legislação, no ano de 2015 é instituída a Lei 13.146 denominada, Estatuto da Pessoa com Deficiência, a qual salienta além das questões educacionais, os aspectos sociais, de saúde, trabalho e previdência. Em especial os deveres do Estado, descritos no artigo 8º:

Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico. (BRASIL, 2015, s/p).

Assim a educação inclusiva é um objeto de estudo que há algum tempo vem sendo estudado por professores e pesquisadores os quais buscam compreender e desenvolver ações educacionais que garantam recursos e serviços para um melhor atendimento das crianças com deficiências, oferecendo uma educação adequada e de qualidade, a escola precisa adaptar-se às necessidades do aluno, adaptando o espaço, as rotinas e os materiais utilizados para garantir a aprendizagem e a participação de todos, buscando atendê-los de forma coerente e efetiva.

Os excluídos nas escolas são aqueles que de uma forma ou outra, não conseguem acompanhar currículos, conteúdos, regras, rotinas impostas por um modelo de educação ultrapassado e tradicional, contribuindo para a estagnação do aluno, ou somente por um avanço sem qualidade, ou mesmo aprendizado.

Procurar fazer a educação inclusiva é romper barreiras que prejudicam o processo da inclusão escolar, vencendo a resistência de familiares, dos professores, dos próprios alunos. Nós mesmos precisamos construir o caminho com otimismo, é necessário, o envolvimento de todos para que o processo se efetive, não apenas de alguns, pois, o sistema educacional inclusivo procura envolver a todos no ato de ensinar, é de fundamental importância a qualificação dos professores, através do estudo da necessidade de seu aluno, o que facilitará a preparação das aulas, efetivando assim o processo de ensino-aprendizagem.

Diante deste panorama e da abrangência da legislação constata-se que a inclusão vem se tornando mais espontânea em nossos meios, com recursos mais amplos e caminhos para que as pessoas com necessidades especiais possam ter uma melhor inserção na sociedade. Bem como, possibilitando aos professores acessos a cursos que propiciem aprofundamento sobre o assunto, que se tornar mais comum nos dias atuais.

Pois, embora a inclusão ainda seja uma prática recente é preciso compreendermos como as propostas e políticas educacionais estão considerando as diferenças na escola. As ações educativas devem acontecer de forma a contemplar a subjetividade do aluno, mesmo sendo construída no coletivo da sala de aula. Estimular as habilidades e competência dos alunos com necessidades, bem como proporcionar a convivência, irá proporcionar a todos os entendimentos, que embora apresentem deficiência e limitações, poderão se desenvolver com as demais crianças, em algumas áreas ainda são muito difícil dizer que há inclusão, pois, apesar de existirem Instituições de ensino, por exemplo, a APAE com ensino voltado unicamente para alunos especiais, muito ainda se tem a fazer. O que realmente acontece, é que a escola matricula as crianças com necessidades especiais, sem que haja a adequação da estrutura física de acordo com a sua necessidade. Os sistemas de ensinos estabelecem uma garantia curricular, conforme a necessidade do aluno, porem a educação deve atender à necessidade e convivência social de cada indivíduo, proporcionando a autonomia tanto social, quanto profissional. Fato, que muitas vezes é prejudicado pelos familiares que por zelo e preocupação acabam por fazer tudo pela criança ou adulto, é preciso que haja o entendimento da família que embora exista a deficiência ela não impede a pessoa de ter sua autonomia.

As instituições especializadas devem ter salas equipadas e professores preparados, já em algumas escolas regulares têm-se as salas de AEE, utilizadas para alunos com deficiência ou problemas de aprendizagem. Com atendimentos nos horários inversos de aula regular.

1.2 DEFICIÊNCIAS MAIS FREQUENTES

Principais deficiências verificadas nas escolas de Educação Infantil no município são: o autismo nas suas diferentes especificidade e níveis, seguido de: deficiência física (ex: quadriplégica); deficiência intelectual; síndrome de Down; baixa visão e audição; microcefalia; casos em investigação genética e, outros, denominados atrasos no desenvolvimento, enquadramento este devido à criança estar em avaliação.

Conhecer os principais aspectos de cada deficiência, possibilita ao educador a condições de planejar suas aulas de forma a facilitar o processo de ensino, aprendizagem e inserção de seus alunos. Sendo assim, e como a principal deficiência identificada no Município foi o Autismo, na sequência serão apresentadas as características comportamentais e cognitivas referentes a esta deficiência.

1.2.1 AUTISMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) conforme Caminha (2016) refere-se a um distúrbio neurodesenvolvimental do curso cônico, identificado pelo comprometimento qualitativo do desenvolvimento e pela presença de comportamentos e/ou interesses restritos e repetitivos. Estima-se que o TEA acometa aproximadamente 60 – 70/10.000, sendo uma das doenças neurodesenvolvimentais mais frequentes na infância, com incidência maior em meninos. O número de diagnósticos de TEA é crescente, embora não se possa afirmar que seja pelo aumento do transtorno ou pela melhoria na sua identificação clínica, visto que é conhecido como espectro de condições. Demonstrando a importância do diagnóstico e intervenção precoces favorecendo o desenvolvimento social e cognitivo.

Ao que se sabe apresentam  um conjunto de características comportamentais como: isolamento, não manter o contato visual, resistir ao contato físico, resistir ao aprendizado, não demonstrar medo diante de perigos reais, agir como se fosse surdo, birras, não aceitar mudanças de rotina, usar as pessoas para pegar objetos, hiperatividade física, agitação desordenada, calma excessiva, apego e manuseio não apropriado de objetos, movimentos circulares no corpo, sensibilidade ao barulho, estereotipias, ecolalias, dificuldade para simbolizar e compreender subjetividades, esses são alguns sinais externos que ajudam a reconhecer o transtorno. (CUNHA, 2015).

Alguns, desses sintomas são perceptíveis no primeiro semestre de vida em especial até o terceiro ano, o TEA tem diferentes níveis de intensidade que muitas vezes podem estar relacionados a outras limitações. Conforme o grau do transtorno os sinais já são evidentes nos primeiros meses, como, por exemplo, a redução para estímulos sociais, no contato visual, e número de respostas ao ser chamado (CAMINHA 2016).

Em sala de aula o professor precisa elaborar tarefas que busquem atender as características comportamentais e cognitivas das crianças com TEA, pois, o que funciona para uma criança pode não funcionar do mesmo modo para a outra, mesmo que ambas apresentem a mesma necessidade. Demonstrando assim, a particularidade de cada indivíduo.   O maior foco na educação escolar como afirma Cunha (2015), está no processo de aprendizagem das crianças com TEA e não nos resultados, pois, é um processo lento e obtém resultados pequenos. É preciso olhar para as crianças com um olhar diferente, compreendendo o Autismo para poder ensinar de forma correta, pois, ele precisa de um ambiente que eles se sintam bem acolhidos independente de sua deficiência.

1.3 A INCLUSÃO E A EDUCAÇÃO INFANTIL

Nessa pesquisa entenderemos como acontece as práticas de inclusão, as leis estabelecidas para a Educação Infantil. Os caminhos de como ter uma inclusão de alunos com necessidades especiais. Analisando seus obstáculos, conhecendo os próprios direitos que são diversos, o aproveitamento e as qualidades indispensáveis para que possa crescer, ao máximo, as suas possibilidades, convivendo de aspectos mais adequada possível.

Como podemos ter uma definição de inclusão escolar? Como é realmente feito isso na Educação Infantil? Estamos verdadeiramente sabendo fazer isso no meio escolar dessas crianças, ou estamos apenas colocando as em nosso meio, para dizermos que estão incluídas, sempre vai ser um desafio para a educação escolar. O educador deve proporcionar atividades que alcancem todos os alunos, os que possuem alguma necessidade especial e também as crianças “ditas normais”. Ressaltando que necessita conhecer os limites e as possibilidades de todos os alunos, podendo proporcionar a todos as mesmas atividades com adaptações.

As instituições de Educação Infantil, oferecem situações de aprendizagem de naturezas diversas, como brincadeiras que acabam envolvendo a criança ensinando sem que perceba, porém, quando iniciam sua fase na adolescência, acabam usando muitas vezes o preconceito ao seu favor, essas circunstâncias podem ser evitadas, somos todos iguais na sociedade, uns com características diferentes do que o próximo.

É preciso observar as crianças especiais para que tenhamos uma boa compreensão, do que precisam, seu próprio choro tem diferença nas expressões, as crianças precisam de oportunidade e condições de desenvolvimento. É necessário fazer uma reorganização no sistema escolar para poder fazer um bom trabalho com as crianças especiais, ter uma boa adaptação no meio escolar, as mesmas estão sempre mais distanciadas do meio social, por vezes influenciada pela proteção excessiva dos pais, por medo da rejeição dos seus filhos. As escolas têm o sentido de acolher, respeitá-la e se abrir a diversidade para que cada um possa ser valorizado em suas diferenças, tornando uma sociedade igualitária e justa para que essas crianças se tornem adultos, sem preconceito olhando para as pessoas com igualdade. É de fundamental importância que o professor da classe, com a equipe escolar, direção e com os pais e demais pessoas que acompanham essas crianças. Ter uma boa parceria para poder desenvolver atividades cognitivas para os alunos.

Em caso de alunos com deficiência, cada característica específica de aprendizagem deve ser considerada, passando por ações práticas na realização da aula, buscando metodologias, estratégias e recursos condizentes com as necessidades individuais, culminando em uma avaliação formativa que considere a evolução de cada um. É importante que a educação infantil se perceba imprescindível no desenvolvimento e aprendizagem de alunos com deficiência, considerando seu espaço privilegiado para oportunizar experiências significativas que possibilitarão a esses alunos permanência nos níveis mais elevados de escolarização.

Os professores da Educação Infantil precisam ter um tempo diferenciado, para arquitetar as tarefas, para que ocorra a inclusão, às atividades podem ser iguais, sendo adaptadas para criança conforme a deficiência. Olhando para essas crianças com as suas limitações, para fazer uma boa avaliação vendo no que ela avançou em suas aprendizagens, iniciando a inclusão das crianças na Educação Infantil.

Há necessidade de que os professores comuns, e os professores especializados, se reúnam para poder fazer um melhor trabalho em inclusão, desenvolvendo atividades coerentes, conforme necessidade de cada aluno inclusive na EMEIS, isso favorece todos os alunos, não apenas os incluídos.  A inclusão na escola de Educação Infantil, veio para que as crianças se relacionem com diversos gêneros de cultura, para que sejam bem-vindas e aprendam de forma natural e valorize as diferenças do outro, por ser como é, ninguém é igual, sendo feita a inclusão escolar e levando esse ensinamento para o restante de sua trajetória de vida. A inserção das Crianças especiais nas EMEIS, é para que ela tenha experiências iguais das outras crianças da mesma idade, para que possam conter vivências com acessibilidades, como brincadeiras corporais e outras experiências iguais, necessita que a criança tenha a sensação da forma dela, por causa da necessidade e dos seus sentimentos diferenciados.

As crianças com necessidade mental têm aprendizagem mais lenta. Em casos mais avançados, essas crianças devem receber atendimento especializado, isso normalmente acontece fora da instituição, para que ela possa ter mais avanços em sua aprendizagem.

Em alguns casos se necessita de material adaptado, para a criança com necessidade especial, mas muitas vezes não são fornecidos pelos responsáveis. Sendo assim não se faz a inclusão necessária, e acontece a exclusão. Em alguns municípios e fornecido auxiliares para as professoras em sala de aula, ajudando o professor com as turmas. Tanto nas escolas do município como nas privadas, não tem a estrutura totalmente adequada para que possibilitem projetos inclusivos, muitos professores não sabem como ensinar, as crianças com deficiência, de forma correta, é preciso ter conhecimento, para desenvolver e facilitar a aprendizagem de crianças incluídas nas escolas, é preciso que o professor goste do assunto e se motive a desenvolver atividades adequadas. É preciso que esteja sempre atualizando seus conhecimentos de forma geral.

Para que o processo de inclusão ocorra, há necessidade da existência de uma coerência entre a maneira de ser e de ensinar do professor, além da sensibilidade à diversidade da classe e da crença de que há um potencial a explorar. A predisposição dos professores em relação à integração dos alunos com problemas de aprendizagem, especialmente se estes problemas forem graves e tenham caráter permanente, é um fator extremamente condicionante dos resultados obtidos. Por isso, uma atitude positiva já constitui um primeiro passo importante, que facilita a educação destes alunos na escola integradora.

Os professores precisam de formações concretas na educação de crianças com necessidades, essas formações necessitam de conteúdos que possam compreender as diferenças, sabemos que ninguém é igual, somos todos diferentes, é preciso atender as diferenças que estão junto nas escolas, culturais, sociais, físicas, religiosas e racionais. Para esses educadores ter uma boa formação precisa estar em desenvolvimento constante, pesquisa, estudos e cursos. Os cursos para educadores, como a educação especial iniciou em 1955, foram fornecidos até 1972 como a pequena especialização para os professores onde se melhora, até hoje nos dias atuais.

Atualmente temos no ensino superior, disciplinas que nos dão um pequeno suporte, sobre materiais e sobre adaptar, sendo assim temos uma pequena base do ensinamento. Foi inserido nas grades curriculares nos cursos superiores para que fosse possível tornar os profissionais mais bem preparados no sistema de ensino. Mas além daquilo que os professores aprendem em sua formação inicial e necessário que exista, uma contínua busca por conhecimento e aperfeiçoamento em Educação Inclusiva, atrás de formação continuada e de estudos individuais, todos os professores terão o desafio de aprender e ensinar as crianças com síndromes ou portadoras de necessidades especiais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensando em inclusão de estudantes com necessidades especiais, no funcionamento diário de uma escola de Educação Infantil, inevitavelmente terá um confronto com ramificações relativamente repentinas e incoerentes em semelhança ao idealizar a educação usa-se um ponto de vista exclusivo. Diante disso podemos repensar o processo educativo inclusivo e sua eficiência, a partir desses elementos, propondo como tema de estudo a inclusão no espaço escolar, entender que todos têm o direito à vida, ao lazer, e principalmente, à educação, respeitando as diferenças existentes entre as pessoas.

Devemos estar cientes, nos dias atuais, que temos um crescente no número de crianças incluídas em nossas salas de aulas. Para tanto, os professores precisam estar mais preparados, e conscientes que vamos ter essas crianças em nossas classes, precisando fazer acontecer a inclusão não apenas na turma, mas nos conteúdos adaptados, e nos meios escolares, que as demais crianças vejam seu colega, como igual e não como a criança que tem necessidade. Quando se fala em incluir a crianças nas participações das atividades propostas ou pelo menos tentar fazer com que os demais colegas acolham a crianças, criando uma rotina com ela. Assim também se ensina as demais crianças a ter uma visão diferente com as demais pessoas, ensinando que elas são iguais com alguns aspectos diferentes e cuidados especiais, constatando assim o quanto é necessário o envolvimento de todos na inclusão da criança na Ed. Infantil. Que é fundamental o apoio de todos para que possa ter um excelente trabalho a incluir nas EMEIS, que precisa conhecer muito bem o processo de inclusão para que isso ocorra de forma correta na Ed. Infantil. Logo, observa-se as mudanças necessárias na escola, para que a inclusão se estabeleça, de forma correta e satisfatória a todos e principalmente a criança incluída, na pesquisa a várias formas expostas para que a inclusão seja feita de modo coerente nos objetivos. Quanto ao último objetivo podemos constatar a que se compreende ações que favoreçam o convívio escolar e social das inclusões das crianças nos meios escolares, e conhecendo o processo de inclusão. Entende que todos têm o direito à vida, ao lazer e, principalmente, à educação, respeitando as diferenças existentes entre as pessoas.

Percebe-se a necessidade de participação familiar no processo de aprendizagem das crianças incluídas, por vezes, os próprios pais ou responsáveis têm dificuldade e resistência em admitir a necessidade da criança, dificultando o crescimento escolar e social da mesma. Sabemos da existência de leis que decretam a inclusão, porém, há uma grande falha na aplicação das mesmas, porque às vezes faltam materiais didáticos, recursos humanos e até mesmo a fiscalização dos ambientes escolares, que pode partir do Poder Público, entende-se, que se faz fundamental a participação ativa de todos na construção da aprendizagem, professores, equipe escolar, familiares, governantes e a própria criança, diante de tal engajamento poderá existir uma verdadeira inclusão.

A inclusão é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da educação escolar e para o benefício de alunos com e sem necessidade”.  Pois, o aluno especial, tem suas limitações, mas isso não impede que ele supere obstáculos, e que participem das atividades escolares, inclusão, só se pode ser feita se tiver o envolvimento de todos. Se tem muito a ser desenvolvido em matéria de inclusão, estamos sempre acertando e errando com as crianças, muito ainda se tem a ser estudado sobre o tema. Na realização do existente trabalho tive a oportunidade de perceber que não fiz um estudo completo, o conteúdo é muito abrangente. Pretendo continuar ampliando meus conhecimentos. Destaca-se que a pesquisa desenvolvida emite um caráter inconclusivo, estando aberta para novas ações.

REFERÊNCIAS

 Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei no. 13.146 de 6 de julho de 2015. Brasília. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em:  22 agosto de 2021

 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em : 22 agosto 2021.

Artigo, A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO PARADIGMA DA INCLUSÃO: A EDUCAÇÃO INFANTIL E A EDUCAÇÃO ESPECIAL EM PAUTA, Heliana C. Alves, Gabriela G. de C Tebet, acessado em 04 de outubro de2021.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Ministério da Educação. Brasília. 2008. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 08 de outubro. 2021.

CAMINHA, Vera Lúcia Prudência dos Santos. Et al. Autismo: Vivências e caminhos. São Paulo: Blucher, e PUB, 2016. Disponível em: http://pdf.blucher.com.br. Acesso em: 08 de outubro de 2021.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2002. Pesquisa Nacional. Acesso em: 10 de outubro de 2021

Inclusão educacional e educação especial: múltiplos olhares e diversas contribuições. Claudia Dechini, Juliane Madeira Ferreira, Lazara Cristina da Silva. Uberlandia, 2013. 258 p. Acessado em 16 de outubro de 2021

Estatístico de Transtornos Mentais. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V- Manual Diagnóstico e Estatítico de Transtornos Mentais. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

BOSA, C. A. Autismo: intervenções psicoeducacionais. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 28, p. 47-53, 2006.

BRUNONI, D.; MERCADANTE, M. T.; SCHWARTZMAN, J. S. Transtornos do Espectro do Autismo. In: Antonio Carlos Lopes. (Org.) Clínica Médica: diagnóstico e tratamento. 1.ed. São Paulo: Atheneu, 2014, p. 5731-5746.

CAMARGO, S. P. H.; RISPOLI, M. Análise do comportamento aplicada como intervenção para o autismo: definição, características e pressupostos filosóficos.

Revista Educação Especial, Santa Maria, v.26, n. 47, p. 639-650, 2013. CAMARGO, S. P. H.; BOSA, C. A. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Psicologia e Sociedade, São Paulo, v.21, p.65-74, 2009.

FERNANDES, S. F. S. N. A investigação do impacto do autismo na família: Revisão crítica da literatura e proposta de um novo modelo. 53 f. Pós Graduação – Educação Especial – Escola Superior de Educação Paula Frassinetti, Porto – Portugal, 2010

NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL – ONUBR. Especialistas da ONU em direitos humanos pedem fim da discriminação contra pessoas com autismo. 2015. [On-line]. Disponível em: https://www.nacoesunidas.org/especialistas-em-direitos humanos-da-onu-pedem-fim-da-discriminacao-contra-pessoas-com-autismo.

[1] Acadêmica Gabriele Eduarda

Comente essa notícia
Receba nosso informativo
diretamente em seu e-mail.